Ai, ai, ai...lá vem a crítica de dança!

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  • quinta-feira, 17 de junho de 2010
  • por
  • Chris Galdino
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  • Dizer o que pensa: essa não é uma tarefa nada fácil, principalmente quando a gente fala de algo tão subjetivo como arte contemporânea. Teoricamente é isso que um crítico de dança faz ou o que se espera que ele faça, não é. Simples assim! Não! Definitivamente  não é simples. São tantos fatores em jogo! A gente falou sobre isso em uma conversa promovida pelo Interação e Conectividade (produzido pelo Dimenti), no dia 11 de junho...lá em Salvador. O título do encontro era CRÍTICA EM DANÇA: COMPARTILHANDO PARÂMETROS. E, além de mim, foram convidados para esta partilha Carlinhos Santos (Caxias do Sul-RS) e Joceval Santana (Salvador-BA).
    A crítica é uma forma de legitimar a obra de arte- já ouvi isso algumas vezes. E também me ensinaram que ela faz parte de uma categoria chamada jornalismo opinativo, apesar de não ser exercida somente por profissionais de comunicação e de assumir vários formatos. Então como se trata de opinião, não será nunca imparcial, certo? E também por se tratar de opinião, por mais que a gente evite falar isso, tem a ver com gosto sim! Mas para que serve divulgar o que se pensa? E a quem interessa saber se você gostou deste ou daquele trabalho de dança? Os artistas parecem viver em um misto de medo e desejo da famigerada crítica, afinal esse é um dos meios de reconhecimento do seu trabalho. Mas para que serve de fato a crítica de dança? Uma das possíveis respostas a essa questão vem da relação público-artista. Nesse caso, uma análise crítica cumpriria a função de mediação entre obra e espectador, aproximando e, de certa forma, tentando direcionar o olhar, chamar a atenção da plateia para alguns aspectos específicos. E se é assim, convém pensar em quem é esse público leitor das críticas. O "para quem" escrevo faz toda diferença... Se é mediar que eu quero, evitar certos termos ajuda a chegar mais perto dos não "iniciados" com quem quero falar. Um das minhas estratégias, por exemplo, é tentar não usar as palavrinhas comuns ao "jargão" profissional que existe na dança contemporânea, até para não deixar o texto velho rapidamente, já que tal dialeto vai sendo frequentemente atualizado de acordo com as regras que ditam as tendências estéticas do momento. E isso muda bastante.
    Mas a mediação é só uma das múltiplas funções da crítica...que também tem que alcançar (e satisfazer!?) os artistas e os leitores especializados...além de servirem também como documento e registro histórico para a posteridade, ou seja, de funcionar também como fonte aos pesquisadores e aos próprios jornalistas. Tantas funções assim só torna nosso trabalho mais e mais complexo...
    Na conversa da gente em Salvador, dissemos logo que não existe um modelo, uma receita de crítica. Assim como os artistas, cada um de nós tem um "processo" diferenciado e um histórico distinto também. Diferenças e discordâncias a parte, nós três acabamos falando sobre a importância do amcopanhamento da "cena", de ver sempre diversificadas produções em dança e conviver com muitos artistas e seus processos criativos. Acontece que a proximidade com artistas e obras, considerando que a imparcialidade é uma mentira, geralmente nos leva a um dilema: Como apontar as fragilidades de um trabalho (principalmente quando o autor da obra é seu "chegado")? Como fazer a tal crítica cosntrutiva? A experiência mostra que esta situação é um desafio para ambos os lados...para os críticos que muitas vezes não sabem como falar , e para os artistas que na maioria das vezes também não está habituado a ouvir e aceitar a opinião alheia. Eita, que sinuca de bico! Já vivi os dois lados...e sei que é barra.
    Mas se servir para estimular as discussões, aprofundar os debates...vale a pena encarar o desafio, não acha?!
    E você o que espera de uma crítica de dança?

    * Na foto, Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira apresentando SONTIR.2 no projeto Rumos Dança Convida, no Itáu Cultural, em São Paulo (março de 2010).

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